segunda-feira, 1 de março de 2010

RESENHA - A HORA DA ESTRELA - Clarice Lispector

A Hora da Estrela

O último romance de Clarice Lispector, A Hora da Estrela, narra a história de uma nordestina, alagoana, uma mulher miserável em todos os aspectos da vida, que nem se quer tem consciência de sua própria existência.

O narrador, Rodrigo S. M. (também falso autor do livro em sua primeira publicação) vive um drama entre as palavras, com uma angustiada reflexão sobre o ato de escrever, e a constatação dos fatos que permeiam a subvida da personagem central, Macabéa.

Macabéa, apesar de ter frequentado apenas as primeiras séries do ensino primário, recebeu algumas aulas de datilografia de sua tia, com quem morava, o que a ajudou conseguir um emprego no Rio de Janeiro, cidade que fora morar depois do falecimento de sua tia.

Em seu novo endereço, próximo ao cais no porto, passa as horas ouvindo o rádio-relógio, sua única distração. Em seu emprego apaixona-se perdidamente por Olímpio de Jesus que toma o lugar da tia e passa a ser a e seu único contato com o mundo, também nordestino e, ao contrário de Macabéa, ambicionava vencer na vida e levar uma vida de burguês. Segue o namoro (sem sal e muito menos pimenta) até que Olímpio a trai com Glória, sua colega de trabalho. Sem rumo, sem chão, sem vida, segue o conselho de Glória e procura uma cartomante que lhe prevê um belíssimo futuro, despertando-a,  pela primeira vez, uma maravilhosa sensação de alegria e esperança, a primeira em toda sua insípida vida, chegara finalmente a sua hora...

Por vezes nos sentimos a própria Macabéa, diante do novo, do diferente... Sentimo-nos tolos e sem ação por não conhecermos bem o outro ou uma determinada situação e ficamos presos em nossa ignorância, calados, sem papel, restritos a mera figuração... Não sei ao certo se podemos escolher mudar esse quadro, nos encher de coragem e enfrentar com certeza da vitória ou se somos prisioneiros de alguma circunstância que a vida nos impôs (situação econômica, meio social, cultura, etc.). Haverá sempre aqueles que nos verão como vemos a Macabéa, ou melhor, que não nos vêem. Uma coisa é certa: “Como Macabéa há milhares espalhadas, por cortiços, atrás de balcões, trabalhando até a estafa.”(trecho retirado do livro).


Profª Ana Célia

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